O nosso ensino precisa de conjugação de esforços para salvá-lo da actual crise
* Quem assim o diz é a Professora Catedrática, Sarifa Fagilde.
A Profa. Catedrática e até a pouco tempo Vice-reitora da Universidade Rovuma para área académica, Sarifa Fagilde, considera que o nível de ensino em Moçambique é extremamente baixo, havendo a necessidade de conjugação de esforços de todos para retirar esta área do marasmo em que se encontra presentemente. Falando em entrevista a este Boletim Informativo, a Profa. Fagilde aborda outros aspectos do seu percurso, como académica e dirigente, não apenas na instituição de que foi vice até a pouco tempo, como também na educação em geral. Siga os trechos da conversa, realizada pouco antes de a Profa. Sarifa deixar a cidade de Nampula, rumo à capital do país, sua residência permanente.
Pergunta [P.] - Profa. Sarifa tem um percurso invejável na área da educação, o qual inicia dentro do país, passa pela Universidade de Adelaide, na Austrália, depois África do Sul, pela extinta Universidade Pedagógica de Moçambique e, finalmente, na Universidade Rovuma, a partir de onde passa para a reforma. Ocupou cargos de chefia tanto na educação, como no desporto. Que ilações tira deste todo percurso?
Resposta [R.] - De facto, durante todo este percurso, principalmente em Moçambique, ocupei vários cargos, cargos de confiança e, por os ter assumido, significa que foi o reconhecimento da confiança que as pessoas depositaram em mim e acreditaram na minha capacidade e isto coloca-me, de algum modo, numa posição tranquila olhando para os resultados do trabalho que realizei em todas etapas.
P. - Durante os últimos cinco anos esteve em frente do pelouro académico na Universidade Rovuma. Que marcos pode apontar neste período, tanto positivos quanto negativos, principalmente na área sob sua jurisdição?
R. - Eu estive no pelouro académico, sim, mas também tinha, por delegação de competências, tarefas ligadas ao sector administrativo, pelo facto de contarmos com apenas um vice-reitor ao nível da instituição, que era eu. Eu não diria que são marcos negativos, mas nós começamos como Universidade Rovuma numa altura em que o ano lectivo já havia iniciado. Funcionamos no primeiro ano fazendo a gestão da instituição, como uma delegação, mas já éramos Universidade. Isto trouxe-nos, naturalmente, alguns transtornos. Funcionamos na Universidade com toda a estrutura, sendo, aparentemente, uma delegação. Com o passar do tempo, fomos criando condições; criarmos instrumentos necessários para que pudéssemos, de facto, funcionar como Universidade, o que ocorreu praticamente em finais de 2019, quando começaram as primeiras nomeações para altos cargos de direcção. A partir desse instante, já tínhamos as bases mínimas para nós pudermos funcionar como uma Universidade.